Um post "especial do Dia Mundial da Saúde Mental" sobre o aumento do uso de psicotrópicos no Brasil.
Os dados oficiais (da Anvisa) mais recentes que temos são de 2017, que, se comparados ao levantamento de 2015 (primeiro realizado), mostram um aumento superior a 20% em caixas vendidas e faturamento em psicotrópicos em apenas 2 anos. Mas vale a pena também comparar as listas dos psicotrópicos com volume de vendas superior a cem milhões de reais por ano (a sequência segue o faturamento do maior para o menor).
Algumas observações:
- Nenhum psicotrópico saiu da lista dos cem milhões. E cinco novos entraram.
- De apenas um antipsicótico (em verde) nesse patamar de vendas passamos a ter três. Como não houve uma explosão de psicoses no Brasil, a hipótese mais provável é que cada vez mais antipsicóticos estão sendo utilizados no Brasil para controle de uma suposta "impulsividade". Em outras palavras, como "camisas-de-força químicas" mesmo. Meu palpite é que boa parte desse aumento tem a ver com prescrição cada vez maior para crianças, em parte devido à "epidemia de diagnósticos" de autismo em anos recentes.
- Os antidepressivos (em amarelo) continuam em alta, passando de 6 a 7 na lista.
- O Venvanse (lisdexanfetamina) entra na lista dos mais vendidos, se aproximando em faturamento do metilfenidato (Ritalina e Concerta) - marcados em azul - o que indica que a medicalização das crianças com os supostos TDAH, dislexia, etc, continua seu curso (infelizmente) fortemente ascendente.
- O Zolpidem ultrapassa os benzodiazepínicos (em laranja), entre os medicamentos utilizados como ansiolíticos ou para insônia.
Para terminar, uma sessão "perguntar não ofende": alguém, depois disso, ainda acha que o aumento do uso de psicotrópicos melhora a saúde mental da população?
Será que o uso de psicotrópicos realmente melhora a saúde mental da população?
#saúdemental #psicologia